(Edward Hopper)
vi-te na obscuridade de casas
de luz artificial e gente
que envolvia o silêncio do teu rosto branco
onde pontos escuros brevemente flutuavam
deslizaste à margem
de copos e vinhos
palavras ruidosas e quebradas
cortando fios que julgavam estender
procuraste numa laranja
a doçura da água que faltava
mergulhaste os olhos e as mãos
escorregando no vermelho
que desfazia no teu corpo
e acariciava
ficaste no negro das ruas
em companhias solitárias e vazias
enovelando desejos e cansaços
em caminhos planos e longos sem fim